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sábado, 19 de abril de 2014

Coração se regenera?

Já ouvistes falar em falência, estou certa. E eu também. Mas não havia imaginado que falência se aplicava às emoções: estou falida. Em um determinado momento, parei e comecei a me vigiar; o choro foi inevitável. Assim como uma fábrica fecha quando possui muitas dívidas ou compra mais do que vende: eu fali. Dei todo meu sentimento como se ele fosse feito de fonte renovável, mas não é. Dei todo meu sentimento e não recebi nada em troca. Nada. Pois, aparentemente, quando a fonte está quase seca, o amor alheio não chega. Calma, eu te explico. Quando damos amor (e quando digo amor, falo de todos os tipos) e não ganhamos, cria-se uma barreira de proteção que é muito difícil de ser rompida - e essa é uma tentativa de não falir. Assim, tu passa a guardar o que te resta e a não conseguir aceitar mais nada. Só que, às vezes, a proteção se cria muito tarde, quando já não possuis quase nada. Tens pouco e sentes que deves distribuir muito. E aí isso só atrapalha: te tornas incapaz de receber mas completamente capaz de dar. Teus "pedacinhos de amor" escolhem donos facilmente - humanos, cachorros, gatos, pássaros ou estrelas. E, como estás doando pedaços para o universo, ele te devolve com outros pedaços. Mas pedaços são coisas quebradas e, como quando algo quebra, nunca mais ficará inteiro outra vez.
Mas, cá com meus botões, será mesmo que algum dia recebi? Talvez minha proteção esteja funcionando perfeitamente, talvez fique comigo enquanto "me reabasteço". Quiçá ela se tornou inteligente demais a ponto de detectar e receber somente o que é verdadeiro. Estou sendo otimista agora, como podes ver, mas não posso mais negar meu sofrimento. Tenho envelhecido bastante, me sinto cansada e sem ânimo como se já tivesse chegando aos cem. Pela primeira vez na vida, a razão ultrapassou completamente a emoção porque é o que resta. E ninguém pode me ajudar, não intencionalmente.
E eu vou caminhando, vou recebendo de quem não está mais de corpo presente o apoio que preciso. Vou agindo como melhor conseguir, me recarregando; em passos lentos, voltarei a ser eu mesma e deixarei para trás tudo o que me partiu. Me reconstruirei e para seu abraço voltarei inteira outra vez, como se fosse a primeira vez.

sábado, 12 de abril de 2014

Te lo agradezco, pero no.

Não tenho vocação para agir como os outros agem nem a mínima vontade de obedecer leis fictícias ou agradar quem as obedece. Não sinto-me obrigada de honrar tradições ou costumes nem de aparentar ser superior do que sou. É preferível negar com sinceridade do afirmar com um sorriso falso estampado no rosto. Te lo agradezco, pero no.
Quem nasceu livre não pode ser preso por muito tempo, quem nasceu livre sabe como escapar. Quem tem um bom coração também sabe machucar.