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quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

O seu antigo hoje, fez seu novo agora

  Era outono, em uma tarde chuvosa, eu avistava a rua pela janela de meu quarto. Via poças e mais poças de água nas calçadas, eu tinha 17 anos. Em meio raios e trovões, um menino de aproximadamente 11 anos, cabelos ruivos e olhos escuros, batia a porta, fui eu que o atendi. Chamava-se Theodore e pedia abrigo, fechei a porta com força, fazendo barulho. Era eu fazendo uma vítima de uns dos meus preconceitos. Foi neste instante que papai ouviu a batida da porta e me perguntou o que era, e eu lhe respondi: "Apenas mais um mendigo infernizando-nos"Papai ficou boquiaberto com o que disse-lhe, e na hora não dei muita importância, voltei para meu quarto. Não era uma menina que não havia "nascido em berço de ouro", mas minha família estava crescendo nos negócios.
 Na manhã seguinte a este acontecimento, fiquei revoltada com o que vi: um mendigo dentro de casa, tomando café da manhã com meu pai. Eis o que escrevi em meu diário: "... Não sei porquê papai nasceu com este defeito de ser generoso, olhe o que o aconteceu! Ele trouxe este trapo humano para dentro de casa. Talvez papai adote ele - o que não deixarei de jeito nenhum - ou ajude botando-o em um abrigo. Maldição!!!".
  Mas mal podia saber o que ocorreria 14 anos depois... A empresa de meu pai prendera fogo, e ele perdera tudo, voltando a ser pobre. Eu, na época grávida de oito meses, entrei em trabalho de parto no meio de uma avenida movimentada e fui levada para o hospital. Chegando lá, Theodore, que havia se tornado médico, com ajuda de papai, salvou a mim e meu filho. Logo depois que as coisas normalizaram-se, levou-me para sua casa, chegando lá, deparei-me com minha família aguardando minha volta ansiosamente. Foi quando ouvi a minha maior lição de vida de meu pai: "A vida dá voltas, Elisabeth. Um dia estamos por cima, em outro por baixo. Se ouvisse suas birras de menina mimada, nós não teriámos nem onde ficar. Ajude para ser ajudada!".

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